Produção

Microcervejarias crescem no RS e ganham público também em Pelotas

Produção gaúcha é a segunda maior do País e Município conta com bebidas que caem no gosto dos consumidores

Foto: Carlos Queiroz - DP - Para quem produz, universo das cervejas é uma paixão


Na terra do chimarrão, uma outra bebida se destaca na produção gaúcha: a cerveja artesanal. Com 285 microcervejarias registradas, o Rio Grande do Sul é o segundo estado brasileiro com o maior número de estabelecimentos desse tipo. O cenário pelotense, que conta com seis microcervejarias, é marcado pelo crescimento do setor e, também, do gosto do público pela bebida. Para ser considerada uma microcervejaria, a fábrica deve ter produção de até 200 mil litros por mês.

Sommelier de cervejas, Débora Ferreira acompanha de perto o desenvolvimento do setor, sobretudo em Pelotas. E garante: a produção tem se mostrado promissora. "Hoje temos um cenário que, de certa forma, ainda está crescendo. Tem muita gente que ainda não conhecia a cerveja artesanal e está começando a conhecer", avalia. Segundo a especialista, uma das características que atrai o público para as cervejarias artesanais atualmente, além da busca por um produto diferente, é a oportunidade de valorizar o comércio e a economia local. "Tem essa questão de ser local, de saber que a cerveja é produzida aqui. A pessoa consegue ir no lugar, falar com o cervejeiro, é muito mais fácil o acesso. Também é uma cerveja 'mais fresca' de certa forma. A pessoa bebe 'direto da fonte'", comenta.

Débora conta que, mais do que a variedade de microcervejarias, há também diferentes tipos da bebida sendo feitos na cidade, desde os mais leves até as receitas mais encorpadas. "As mais comuns são pilsen e weiss. A weiss, por exemplo, é considerada uma cerveja de entrada, que as pessoas consomem quando estão entrando no meio da cerveja artesanal por ser mais leve e adocicada", observa. A sommelier acrescenta que a cerveja red ale também é querida pelo gosto pelotense, assim como produções sazonais. "Por termos essa sazonalidade de clima e temperatura, no inverno as cervejarias daqui também acabam fazendo cervejas mais potentes, escuras e alcoólicas."

Da cozinha de casa para o mercado

Para quem produz, o universo das cervejas artesanais é uma paixão. O cervejeiro Diego Menezes, 44, é psicólogo por formação e conta que começou a produzir bebida artesanalmente em 2007, em casa e para consumo próprio. Mais de uma década depois, em 2018, a paixão virou negócio. "Começou tudo enjambrado, mas eu fiz e gostei. Para a primeira cerveja que fiz, ficou boa mesmo. Aí comprei a ideia e comecei a sonhar em abrir uma cervejaria", relembra o dono da microcervejaria B73.

No estabelecimento, a média de produção mensal é de três mil litros. Além da venda da própria bebida, a B73 também fabrica para outras marcas, numa relação conhecida como "produção cigana". "As pessoas criam as receitas, muitas vezes em casa, e a gente produz para eles. Muitas marcas funcionam dessa forma", comenta Menezes. No Rio Grande do Sul, estima-se que existam cerca de 300 marcas de cerveja operando nesse modelo.

Na microcervejaria, diferentes estilos da bebida, como red ale, double ipa, american pale ale e outros são produzidos, mas Menezes é enfático: a american lager, uma cerveja mais leve e semelhante à pilsen, é a campeã de vendas. "Produzimos muitas. Nem sei te dizer de cabeça quantos tipos de cerveja produzimos, mas algumas nós sempre temos, como a american lager. Se no ano a gente vende 20 mil litros, 18 mil são desse tipo", estima.

Processo de produção da cerveja passa por várias etapasFoto: Carlos Queiroz - DP


Ciência da cerveja

Menezes fala com animação sobre os processos químicos que dão origem à bebida e explica que a produção na microcervejaria é bem artesanal. "Tenho um leque gigante de tipos de malte, lúpulo e fermento. É dessas combinações que se faz essa infinidade de estilos. É impressionante, se pegar a mesma receita, idêntica, e mudar um pouco a temperatura de cozimento ou fermentação, muda o sabor", reflete. O processo conta com diferentes etapas, desde a passagem do malte de cevada por um moedor até os processos de filtragem, lupulação, fermentação e outros.

Aprendendo a apreciar

Para a sommelier, a chave para dar continuidade ao crescimento e fortalecimento da produção artesanal pelotense é a educação cervejeira. "O ponto forte para que a gente possa crescer mais é a educação cervejeira, para que as pessoas entendam que conseguem tomar cervejas de diferentes estilos. Às vezes elas acabam não tomando por não ter conhecimento. A ideia é fazer com que as pessoas conheçam o que estão tomando e saibam do que gostam", sugere Débora.

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